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Lucas Cury

Tendências para o Comércio Exterior no pós-pandemia.

Para nós, uma pandemia parece algo novo e devastador. Porém o mercado e a sociedade sempre sofreram com ondas cíclicas de grandes impactos. Peste Negra no século XVII, revolução industrial no século XVIII, crash da bolsa de 29, primeira e segunda Grandes Guerras, golpes de estado, atentados terroristas e agora os surtos epidemiológicos.

Viver é uma batalha diária diante dos desafios que a vida nos impõe.

Os desafios que transformam nossa mente criam o que na psicologia chamamos de inteligência fluida. Passamos a entender e resolver problemas que nunca havíamos vivenciado. Afinal foi o frio que fez com que o homem descobrisse o fogo, foi a fome que criou a lavoura, a urgência de locomoção criou a roda. Sem grandes problemas, dificilmente temos grandes ideias.

Em um mercado global mais do que nunca vivenciamos a teoria do caos. Um vírus na Ásia transformou a maneira de viver do mundo inteiro. A mesma conexão comercial que criou o desenvolvimento econômico trouxe um problema de magnitudes superlativas.

Quando entendemos que o mundo conectado é o que traz a prosperidade e a miséria, é importante aprendermos a planejar. Seja na vida pessoal ou no ambiente corporativo. O mundo não será como antes. E não dá para dizer que será pior, ou melhor. Somente diferente.

A partir das conexões, vamos entender sobre o impacto das mudanças e mais uma vez, criar oportunidades e superar as adversidades.

O Mundo sem Fronteiras:

A globalização, como falamos, trouxe um desenvolvimento econômico sem igual. Uma troca de conhecimento intercambiáveis através da pluralidade de culturas que nos permitiu aprender. Mas estas mesmas fronteiras abertas, com esta crise, tendem a ser um pouco mais vigiadas. Vivenciamos isso após os ataques terroristas de 11 de setembro no ano de 2001 e com certeza teremos agora novos controles. Talvez um controle mais “regulatório”.

Algumas nações já estão buscando aprimorar seus controles fitossanitários e a tendência será de atualização nos sistemas de certificações. Com certeza isso obrigará as empresas a adotarem normas sanitárias mais rígidas e buscar por certificações internacionais.

Não há o que se falar nos benefícios de ter certificações ISO, GMP e outros dentro de sua empresa. Mas agora, mais do que nunca, garantir que os rígidos controles sanitários e de qualidade sejam cumpridos será uma demanda praticamente universal.

  1. Para empresas que estão nos negócios de certificações haverá uma alta na procura de seus serviços. Consultores, inspetores, organismos certificadores, sistema de gestão e toda a cadeia de serviços que garante o controle as normas será altamente demandado. Estar preparado para atender este fluxo de novos clientes é importante e necessário.

  2. Para empresas que serão certificadas é a oportunidade de melhorar seus processos, controles, ambiente e com isso ganhar competitividade no mercado. Muitas vezes melhoras nos processos acarretam em diminuição de custos ou aumento de eficiência. É a hora de repensar os diferenciais e conseguir ganhar em escala, preço ou prazo junto a seus clientes.

  3. Existe também uma onda “nacionalista” em alguns países que poderá gerar uma demanda para empresas. Se você já exporta, por exemplo, insumos para uma importante potência econômica, agora é a hora de começar a avaliar uma possível abertura de filial para produção local ou dentro do bloco econômico. Buy Local (compre local) virará tendência. Para muitos é uma ameaça, mas vejo como oportunidade de diversificar. Produzir além fronteiras é a uma solução para não perder clientes quando há restrições logísticas ou cambiais.

O Mundo Virtual

É inegável que a quarentena nos trouxe uma rotina pouco experienciada por muitos: O trabalho remoto. Obviamente muitos serviços artesanais não se tem como realizar a distâncias. Mas dentro de escritórios, grande parte dos trabalhos já ocorre de maneira virtual. Percebeu-se que não há impacto na produtividade, desde que se tenha um bom planejamento e comunicação.

Porém não estávamos preparados para isso. Estar em casa ou onde quer que esteja demanda infraestrutura. Estar presente de mente, mas ausente de corpo é algo que somente a tecnologia da informação, atualmente, pode prover.

As oportunidades para isso são inúmeras, impossível listar todas. Então escolhemos algumas específicas:

  1. Sem dúvida a primeira é custo. Pense o quanto haverá de economia para sua empresa que não precisa mais mandar o seu trader para China para realizar compras. Ou ainda aquele cliente importante dos EUA que antes exigia vir conhecer sua fábrica. Lembre-se que clientes desta magnitude não voam de econômica. Agora, nestes novos tempos de teleconferência, não precisará mais gastar com a executiva e nem com o hotel 5 estrelas, afinal o mundo se adaptou a aceitar como “rotineiro” o virtual, apresentando sua fábrica com a câmera do celular. E quanto ao envio de contratos? Até mesmo isso poderá acabar com a entrada dos SmartContracts e assinaturas digitais. Por que gastar com papel e frete se podemos digitalmente selar um compromisso aceito pelas diversas jurisdições?

  2. Empresas de software possuem um mundo inexplorado. De desenvolvimento de softwares de realidade aumentada (inclusive para atender aquele seu cliente importante dos EUA?), softwares de telemedicina, de realidade aumentada, softwares de conferências, softwares de áudio e vídeo. Estas empresas terão uma demanda gigante de novos projetos.

  3. Empresas de hardware não ficam para traz. Afinal para que seu cliente veja sua fábrica, você terá que comprar uma boa câmera, um bom aparelho de teleconferência. E cada unidade terá que ter um. Como era o PABX e o fax antigamente? Agora a tendência será salas de reuniões virtuais. Quem sabe até um dia uma sala com holografia e visualização por realidade virtual? Possível quando o 5G chegar!

  4. Todas estas novas tecnologias precisam de uma “rodovia” para transitar. Aqui entram as empresas de infraestrutura. Cabeamentos, antenas, provedores de links. Estes serão os verdadeiros responsáveis por fazer seu fornecedor na China falar com você como se estivesse ao seu lado. Permitir que seu cliente olhe para o lado com seus óculos de realidade virtual e veja como é a limpeza do chão de sua linha de produção.

  5. Empresas de Compliance, Jurídicos, Contábeis e de Segurança da Informação. Empresas estrangeiras que queiram entrar no Brasil para atender as oportunidades devem estar preparadas para a Lei Geral de Proteção de Dados. Afinal cada bit transacionado carregará informações confidenciais. Um contrato com cláusulas de confidencialidade, uma lista de preço, uma fórmula. E para quem deseja operar na Europa não é diferente. Por lá as restrições quanto a guarda e manutenção de dados pessoais é ainda restrita. Serviços de criptografia e auditoria para compliance as regras também podem ser uma alternativa bem próspera.

O Mundo “in”seguro.

“O seguro, morreu de velho” já dizia o ditado português. E estamos vendo nessa crise uma morte prematura de empresas. E não, nada tem a ver com a contaminação viral. As empresas morreram, pois seu “oxigênio” financeiro acabou. Não estavam preparadas para isso.

Infelizmente muitas das empresas de pequeno porte tem pouco planejamento e quase nenhum planos de contingência. Com isso, qualquer tosse do mercado, vira uma grande tuberculose.

Com a dura perda, vem o aprendizado. Aprendeu-se que uma empresa com estratégia e bem posicionada é uma empresa que mitiga seus riscos.

  1. E uma das maneiras de se mitigar risco é segurando os sinistros. Acredito que uma mudança no mercado de seguros está por vir. Cláusulas de proteção financeira em caso de pandemias e colapsos, proteção financeira para default de obrigações contratuais. O direito sempre se protegeu com cláusulas de força maior. Mas pudemos ver que esta proteção também pode levar a um colapso econômico. Se todos podem, por força maior, se abster de suas responsabilidades, quem as cumprirá para manter a roda girando? Uma das maneiras que enxergo é através de operações seguradas e garantidas. O mercado de seguros ainda é tímido no Brasil. Mas agora que sentimos na cara o vento que bate de outras fronteiras, passamos a entender que segurar não só um bem, mas uma operação, uma empresa é também ter responsabilidade social com o seus colaboradores, com o mercado e com a economia.

  2. E a segurança biológica? Já temos muitas empresas de acrílico, divisórias e outras inovando e criando assentos de avião, habitáculos de trabalho e outras estruturas que permitem um isolamento e ou distanciamento. Haja visto os caixas de supermercados com divisórias a fim de evitar propagação de partículas aéreas contaminadas, academias criando "boxes" individuais de treino. Criar, montar, instalar estruturas deste tipo serão sem dúvida uma nova demanda, não mais temporária.

O Mundo dos Drones.

Lembra de Blade Runner? Um mundo cheio de pequenas máquinas voadoras? Essa é a tendências. Aprendemos que contaminação, com distanciamento social, é reduzida. Logo o uso de Drones para entregas, transporte e outras atividades já é realidade, visto as iniciativas da Tesla, Amazon, Uber e outras empresas que investem pesado em self-driving e drones. Porém vou além: Imagine uma feira na China que você, pagando um décimo do que seria uma passagem, alimentação e hotel, poderá alugar um robô e literalmente andar pela feira e realizar contatos. Contatos inclusive em idioma local, afinal o robô terá software de tradução simultânea para áudio. Cartões de visita coletados por QR Code e encaminhados para seu e-mail junto com um relatório de visitas a cada estande. Legal né? Pois é, isso será a tendência de feiras no futuro. O presencial nunca superará o virtual, mas de certo ocupará uma boa parcela.

Pudemos ver ao longo dos exemplos que toda crise, traz novas oportunidades. Podemos as vezes ficar desanimados pois os planos mudaram do que tínhamos planejado. E isso é normal. Sair da zona de conforto é desagradável. Mas necessário para prosperar!

Uma empresa inteligente é uma empresa que monta uma, duas, três ou mais estratégias. Planos de ação com as mais diversas variáveis.

Mudar de foco nunca foi um problema. O problema é não ter foco.

Muitas empresas vão desaparecer, porém muitas outras vão surgir. E novas oportunidades aflorarão.

A regra para este mercado pós-pandemia é: Eficiência com diversificação e estratégia.

Afinal lembre-se. Em toda crise o dinheiro nunca some. Ele somente troca de mãos.

Bons negócios 😉

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